terça-feira, 3 de maio de 2011

À VARIEDADE DO MUNDO


Este nasce, outro morre, acolá soa
Um ribeiro que corre, aqui suave
Um Rouxinol se queixa brando, e grave,
Um Leão co rugido o monte atroa:

Aqui corre uma fera, acolá voa
Co grãozinho na boca ao ninho uma ave;
Um derruba o edifício, outro ergue a trave,
Um caça, outro pesca, outro enferroa.

Um nas armas se alista, outro as pendura,
Ao soberbo Ministro aquele adora,
Outro segue do Paço a sombra amada.

Este muda de amor, aquele atura:
Do bem, de que um se alegra, o outro chora.
Oh mundo, oh sombra, oh zombaria, oh nada!


António Barbosa Bacelar, Fénix, II

Sem comentários:

Enviar um comentário