segunda-feira, 29 de novembro de 2010

LAIS / CANÇÃO DE LEONORETA

  Senhor genta,
     min tormenta
voss’amor em guisa tal
     que tormenta
     que eu senta
outra non m’é ben, nen mal,
mays la vossa m’é mortal:
     Leonoreta,
     fin roseta,
bella sobre toda fror,
     fin roseta,
     non me metta
en tal coisa voss’amor!


     Das que vejo
     non desejo
outra senhor se vós non,
     e desejo,
     tan sobejo,
mataria huu leom,
senhor do meu coraçon:
     Leonoreta,
     fin roseta,
bella sobre toda fror,
     fin roseta,
     non me metta
en tal coisa voss’amor!


     Mha ventura
     en loucura
me meteo de vos amar;
     é loucura,
     que me dura,
que me non posso en quitar,
ay fremosura sem par:
     Leonoreta,
     fin roseta,
bella sobre toda fror,
     fin roseta,
     non me metta
en tal coisa voss’amor!

Joam de Lobeyra

DESCORDO

Agora me quer'eu ja espedir
da terra, e das gentes que i son,
u mi Deus tanto de pesar mostrou,
e esforçar mui ben meu coraçón,
e ar pensar de m'ir alhur guarir.
E a Deus gradesco porque m'én vou.

Ca a meu grad', u m'eu d'aquí partir,
con seus desejos non me veerán
chorar, nen ir triste, por ben que eu
nunca presesse; nen me poderán
dizer que eu torto fac'en fogir
d'aquí u me Deus tanto pesar deu.

Pero das terras averei soidade
de que m'or'hei a partir despagado;
e sempr'i tornará o meu cuidado
por quanto ben vi eu en elas ja;
ca ja por al nunca me veerá
nulh'home ir triste nen desconortado.

E ben digades, pois m'én vou, verdade,
se eu das gentes, algún sabor havía,
ou das terras en que eu guarecía.
Por aquest'era tod', e non por al;
mais ora ja nunca me será mal
por me partir d'elas e m'ir mia vía.

Ca sei de mí
quanto sofrí
e encobrí
en esta terra de pesar.
Como perdí
e despendí,
vivend'aquí,
meus días, posso-m'én queixar.
E cuidarei,
e pensarei
quant'aguardei
o ben que nunca pud'achar.
Esforçar-m'-ei,
e prenderei
como guarrei
conselh'agora', a meu cuidar.

Pesar
d'achar
logar
provar
quer'eu, veer se poderei.
O sén
d'alguén,
ou ren
de ben
me valha, se o en mí hei.

Valer
poder,
saber
dizer
ben me possa, que eu d'ir hei.
D'haver
poder,
prazer
prender
poss'eu, pois esto cobrarei.

Assí querrei
buscar
viver
outra vida que provarei,
e meu descord'acabarei.

Nuno Eanes Cérzeo

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Roteiro quase-diário da leitura de "Gente Feliz com Lágrimas"

Dia 22 de Setembro de 2010
Esta noite, comecei a ler o Livro Primeiro, mas com o sono a chatear-me a carola, só li até ao capítulo número dois.

Dia 25 de Setembro de 2010
Ao final da tarde, retomei no início do capítulo número dois e li até ao capítulo terceiro do Livro Primeiro.

Dia 26 de Setembro de 2010
Ao início da tarde, peguei no livro e li do capítulo terceiro ao capítulo quinto. Está a tornar-se difícil deixar de ler o livro, é um romance muito descritivo, que nos faz reflectir e ao mesmo tempo nos dá a conhecer um Portugal que ainda não morreu. É um romance envolvente, e apesar de eu não gostar de livros que me levem a reflectir muito sobre a forma como lido com a minha vida (neste caso, como não dou por vezes o devido valor ás coisas que tenho), estou com curiosidade de saber como irá terminar este livro…

Dia 9 de Outubro de 2010
A semana passada não tive muito tempo nem paciência para ler, faleceu-me a minha avó… Mas hoje, durante a tarde, vi a livro a olhar-me e acabei por me sentar na cama a ler. Li até ao capítulo sétimo.

Dia 10 de Outubro de 2010
A meio da tarde, voltei ao início do capítulo sétimo e acabei assim de ler o Livro primeiro.


Dia 15 de Outubro de 2010
Depois do almoço, peguei no livro, e “devorei” o Livro segundo. E à noite li os primeiros 4 capítulos do livro terceiro.

Dia 16 de Outubro de 2010
De manhã, e uma vez que tenho que apresentar o livro na última semana do mês, deixei de andar a molengar e a reler todos capítulos duas ou três vezes, e li assim (durante grande parte do dia), os livros terceiro e quarto.

Dia 17 de Outubro de 2010
Retomei a leitura ao fim da manhã, e consegui assim acabar de ler o livro, claro que não reli estes últimos capítulos, como eu tanto gosto de fazer, mas espero que não me tenha passado nada ao lado…

Sofia Pires, 10ºG

“Gente Feliz com Lágrimas”, de João de Melo

João de Melo será sempre o autor de “Gente Feliz com Lágrimas”. Grande Prémio APE em 1989, é uma visão de um certo realismo mágico português, com olhos açorianos.
Em 1989, quando todos esperavam a entrega do Grande Prémio de Novela e Romance da APE a Maria Velho da Costa — incluindo, confessamente, a própria —, o júri da Associação Portuguesa de Escritores acabaria por tomar uma decisão inesperada e pouco consensual: distinguir antes João de Melo, ou seja, um insuspeito “Gente Feliz com Lágrimas”, em vez de “Missa in Albis”.
O livro, entre vários de ensaio, contos e poesia, foi o terceiro romance do escritor, depois de “A Memória de Ver Matar” (1977) e “O Meu Mundo Não É Deste Reino” (1983). Acabaria por receber mais quatro prémios literários e conheceria 16 edições nacionais, para lá de traduções em Espanha, França, Holanda e Roménia.
Há obras que chegam assim, com rugido de trovão a meio de uma conversa em voz baixa. Assombram vidas discretas.
Diz João de Melo (numa entrevista a publicar amanhã): “Ouço dizer que outros escritores se confrontaram já com o mesmo fadário: ver uma obra sua sobrepor-se a todos os livros que tenham escrito ou venham ainda a escrever. Passei a ser ‘o autor de Gente Feliz com Lágrimas’, depois de ter sido ‘o açoriano’ e ‘o escritor da guerra colonial’. Se isso significa que afinal sou o que sempre quis ser — isto é, um escritor português —, tanto melhor. Nunca pretendi ser um ‘regionalista’, mas alguém com direito à sua visão do tempo e da história, e com olhos açorianos”.
Será isso “Gente Feliz com Lágrimas”. A começar com uma viagem por mar que deixa a cidade do Funchal “numa noite de tréguas a meio da baía, com o presépio das suas casas ao cimo das falésias”.
Nuno Miguel, Luís Miguel e Maria Amélia. Nomes — haverá outros —, vozes numa narrativa de sujeitos múltiplos. Todos passam por essa pequena morte iniciática de cinco dias de navegação “quase sem alimento, com o abominável cheiro dos barcos metido no estômago e nos pulmões, quem sabe mesmo se dentro das veias”. Deixam para trás “um sulco de lamentações e gritos” — porque “os pobres eram sempre ruidosos, mesmo na expressão dessa gente feliz com lágrimas” —, para serem “cadáveres debruçados do convés, sobre o mar de Lisboa”, até uma poeira dourada de luzes lhes indiciar a aportagem, e o renascimento. Estaremos em 1960, quando o próprio autor — nascido em 1949 em Achadinha, na ilha de São Miguel — deixa os Açores para prosseguir estudos no Seminário dos Dominicanos? É possível, há mais indícios autobiográficos (senão mesmo pegadas). No masculino e no feminino, embarcamos numa “caravela metafísica”, passamos pela Guerra Colonial e o 25 de Abril de 74. Acabamos no Lumiar, a 20 de Agosto de 1988, depois de um “regresso invisível” aos Açores. Perseguimos a saga de uma família dispersa por várias paragens. Recordamos, por alguma inexplicável razão, essa etiqueta de “realismo mágico”.

[http://static.publico.clix.pt/docs/cmf/autores/jMelo/amanha.htm]

terça-feira, 16 de novembro de 2010

PROVENÇAIS…



Os provençais que bem sabem trovar!
e dizem eles que trovam com amor,
mas os que cantam na estação da flor
e nunca antes, jamais no coração
semelhante tristeza sentirão
qual por minha senhora ando a levar.

Muito bem trovam! Que bem sabem louvar
as suas bem-amadas! Com ardor
os provençais lhes tecem um louvor!
mas os que trovam durante a estação
da flor e nunca antes, sei que não
conhecem dor que à minha se compare.

Os que trovam e alegres vejo estar
quando na flor está derramada a cor
e que depois quando a estação se for,
de trovar não mais se lembrarão,
esses, seu eu que nunca morrerão
da desventura que vejo a mim matar.

Natália Correia
Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Lista de obras - Projecto Individual de Leitura

Para os mais distraídos ou esquecidos aqui fica a lista completa das obras:

QUADRO DE REFERÊNCIAS  
 Poesia
 Adolfo Casais Monteiro, Afonso Lopes Vieira, Al Berto, António Botto, António Franco Alexandre, António Maria Lisboa, Casimiro de Brito, Florbela Espanca, Gastão Cruz, João de Deus, João Miguel Fernandes Jorge, João Rui de Sousa,  Joaquim Manuel Magalhães, José Régio, Luísa Neto Jorge, Mário Cesariny Vasconcelos, Miguel Torga, Nuno Júdice, Raul de Carvalho, Ruy Cinatti, Sebastião da Gama.                                            

Textos de Teatro 

Almada Negreiros             – Deseja-se Mulher
Branquinho da Fonseca    – Curva do Céu
Carlos Selvagem               – Dulcineia ou a Última Aventura de D.Quixote   
David Mourão-Ferreira     – O Irmão
Fernando Amado              – O Iconoclasta
Fiama Hasse P. Brandão  – Os Chapéus de Chuva 
Jorge de Sena                   – O Indesejado       
José Régio                        – O Meu Caso
José Saramago                 – In Nomine Dei       
Lídia Jorge                        – A Maçon     
Luísa Costa Gomes          – Nunca Nada de Ninguém   
Miguel Rovisco                – Trilogia Portuguesa ( O Bicho, A Infância de Leonor de Távora, O Tempo Feminino)
Natália Correia                – Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente   
                                        – O Encoberto
Romeu Correia                – O Vagabundo das Mãos de Oiro
Vicente Sanches             – A Birra do Morto
Yvette Centeno               – As Três Cidras do Amor

 Prosa 

Contos, novelas, romances

Agustina Bessa Luís         – Conversações com Dimitri e Outras Fantasias  
Almada Negreiros            – Nome de Guerra 
Alves Redol                      – Barranco de Cegos 
Aquilino Ribeiro               – Os Caminhos Errados  
António Lobo Antunes     – As Naus 
David Mourão-Ferreira    – Gaivotas em Terra
                                        Os Amantes e Outros Contos
Dinis Machado                 O Que Diz Molero 
Eça de Queirós               – Contos   
Fernando Campos          – O Homem da Máquina de Escrever  
                                       – A Casa do Pó  
Fernando Namora          – Resposta a Matilde
Ferreira de Castro          – A Selva    
Herberto Helder             – Os Passos em Volta   
Hélia Correia                  – Montedemo
João Araújo Correia        – Mãos Fechadas 
João de Melo                  – Gente Feliz com Lágrimas 
Jorge de Sena                 – O Físico Prodigioso
José Cardoso Pires         – O Burro-Em-Pé   
                                      – Jogos de Azar 
José Gomes Ferreira     – O Irreal Quotidiano  
                                      – O Enigma da Árvore Enamorada (Divertimento em forma de novela quase policial) *
José Rodrigues Miguéis – Léah e Outras Histórias
Lídia Jorge                     – O Cais das Merendas
Luísa Costa Gomes        – Contos Outra Vez    
                                       – O Pequeno Mundo 
Manuel Alegre               – O Homem do País Azul    
Manuel da Fonseca       – O Fogo e as Cinzas    
Maria Isabel Barreno    – O Círculo Virtuoso 
Maria Judite Carvalho   – Paisagem Sem Barcos
Maria Ondina Braga     – A China Fica ao Lado  
Mário de Carvalho        – Contos da Sétima Esfera    
                                     – Contos Vagabundos 
Mário Dionísio              – Dia Cinzento e Outros Contos
                                        Monólogo a Duas Vozes
Mário-Henrique Leiria  – Contos do Gin-Tonic      
                                     – Novos Contos do Gin 
Sophia M. B. Andresen – Contos Exemplares 
Urbano T. Rodrigues    – As Aves da Madrugada
Vitorino Nemésio         – O Mistério do Paço do Milhafre  
                                     –  A Casa Fechada
Vergílio Ferreira           – Contos


Crónicas, cartas, biografias, autobiografias, memórias, diários

António Lobo Antunes     – Livro de Crónicas   
António Alçada Baptista – Peregrinação Interior
Aquilino Ribeiro              – Abóboras no Telhado     
                                       – Geografia Sentimental
Artur Portela Filho          – A Nova Feira das Vaidades
Carlos de Oliveira          – O Aprendiz de Feiticeiro 
Fernando Namora          – A Nave de Pedra            
                                       – Diálogo em Setembro 
                                       – Cavalgada Cinzenta 
Fernando Pessoa           – Cartas de Amor de Fernando Pessoa    
José Gomes Ferreira      – A Memória das Palavras ( ou O Gosto de Falar de Mim)   
José Rodrigues Miguéis – Um Homem Sorri à Morte  
José Saramago               – Deste Mundo e do Outro
Maria Isabel Barreno     – Novas Cartas Portuguesas (escritas em colaboração com Maria
       Velho  da Costa e Maria Teresa Horta).   
Maria Judite Carvalho   – A Janela Fingida
Oliveira Martins            – A Vida de Nuno Álvares Pereira
                                      – O Príncipe Perfeito
Raul Brandão                – A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore    
                                      – Memórias
Ruben A.                       – O Outro Que Era Eu    
                                     – As Páginas
                                     – O Mundo à Minha Procura 


[A lista (e o resto do programa) pode ser consultada aqui nas páginas 15, 16 e 17]

domingo, 14 de novembro de 2010

CANTIGAS DE AMOR (cont.)

II. Causas da influência provençal na Península.

1        Os monges de Cluny - Antes ainda de Portugal se tomar independente estabeleceram-se na Península os monges de Cluny, sob cuja direcção espiritual ficaram no século XI quase todas as igrejas hispânicas. 
2        As romagens aos santuários - O principal motivo das deslocações da gente medieval consistia nas peregrinações aos santuários. Anualmente, os crentes da França dirigiam-se a Santiago de Compostela; e os de cá empreendiam idênticas jornadas de fé às terras de além-Pirenéus, a Tours e sobretudo a Santa Maria de Rocamadour. As viagens duravam meses; pelo caminho, os romeiros cantavam as modas da sua terra; em frente dos templos, faziam-se representações teatrais e autênticos torneios poéticos. 
3        Os guerreiros e colonos franceses - Os reis de Leão convidaram cavaleiros franceses para os ajudarem nas lutas contra os Mouros. O conde D. Henrique lá veio de além-Pirinéus e com ele muitos outros. Lisboa foi conquistada com o auxílio de cruzados nórdicos e da Gália. D. Afonso Henriques e sobretudo D. Sancho I, em reconhecimento de serviços prestados, distribuíram terras por muitos desses guerreiros, os quais por aqui espalharam os seus costumes e a sua cultura e civilização.
4        Contacto do fidalgos portugueses com jograis da Provença – Descontentes com o despotismo de D. Afonso II vários nobres portugueses abandonaram o país e foram acolher-se à corte de Afonso IX de Leão. 
5        O Bolonhês — D. Afonso III viveu em França durante doze anos. Quando veio assumir o trono de Portugal, fez-se acompanhar de mestres franceses, alguns dos quais educariam D. Dinis, futuro herdeiro da Coroa eonossomelhortrovadormedieval.
6        O comércio — No século XIII, os navios portugueses iam a França comprar panos; e navios franceses, nessa mesma época., entravam com frequência na barra do Douro. Os comerciantes e tripulantes lusos assimilavam e espalhavam depois a cultura estrangeira que, superior à portuguesa, os deslumbrava.

III. Onde se manifestou a influência provençal?

  • Nos provençalismos. Deparamos a cada passo nos cancioneiros com vocábulos originários da Provença: sen (senso), cor (coração), prez (valia, preço), greu (difícil), solaz (prazer),etc.
  • Na teoria do amor cortês. O amor provençal, chamado também amor cortês não tem como finalidade a união matrimonial dos apaixonados. Supõe mesmo a impossibilidade dessa união. É uma aspiração sem correspondência, que deve alimentar o estado de tensão que gera, a fim de se realizar plenamente e se perpetuar. Corteja-se a mulher casada e desta maneira, tal amor raras vezes passa de um fingimento intelectual. Essa mulher normalmente é uma «dona», senhora da corte e fidalga.
  • Na descrição da natureza – é uma natureza estereotipada e convencional.
  • Análise introspectiva – Nestas cantigas são analisados alguns estados de alma que passam despercebidos à naturalidade das de amigo: o doce-amargo do amor, o querer e não querer da vontade, contradições dos namorados, …

IV. CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS «CANTIGAS DE AMOR»

1.      Os sentimentos eróticos que exprimem são os de homem. Enquanto nas cantigas de amigo é a mulher que abre o seu coração, nestas é o namorado que desfia as «coitas» de amor. Sendo dialogadas, é o homem que fala em primeiro lugar.
2.      Por influência do lirismo tradicional, algumas cantigas de amor estão dotadas de paralelismo imperfeito e semântico.
3.     Nas cantigas de mestria, há um formalismo que recorre a artifícios poéticos: dobre, mozdobre, finda, atafinda, ... 
4.      Estão repassadas de simbologia amorosa, bastante rica, por causa da teoria do amor cortês.
5.      Há nas nossas cantigas de amor menos fingimento e por conseguinte maior sinceridade do que nas composições provençais.
6.      Nota-se uma certa uniformidade na expressão e nos sentimentos, o que provoca inevitavelmente a monotonia temática.

[Adaptado de História da Literatura Portuguesa, Antº Barreiros, Pax editora, Braga]

CANTIGAS DEAMOR

I. Temática
a)      Têm como temática o amor cortês.
b)      As  cantigas de   amor   são uma espécie de  declaração amorosa  ou  lamento perante a dama pela sua indiferença ou altivez.
c)      A personagem protagonista é sempre a senhor, embora esta não seja sempre a destinatária da cantiga. A sua descrição é:
·         Psíquica,   o   trovador   descreve   especialmente   as  virtudes  do   seu comportamento.
·         Física, que se realiza só de modo genérico, não há referências ao tempo ou ao espaço já que é uma dama idealizada.
d) De acordo com Tavani podemos estabelecer os seguintes campos semânticos:
    • Elogio da dama: pode aparecer explícito ou implícito, mas é sempre positivo (frequentemente aparece como obra mestra de Deus - platonismo).
    • Amor do poeta: também pode aparecer explícito ou não e liga-se aos seguintes motivos:
Coita: um sentimento contraditório já que produz pesar, mas também certo prazer masoquista.
Desejo da morte por amor.
Reserva da dama: é sempre esquiva, tímida, discreta. 
Não correspondência do amor: está ligada à coita e à sintomatologia que produz o distanciamento da dama (insónia, pranto, loucura...).