segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CANTIGAS SATÍRICAS


A nível da temática nacional poderemos destacar:
                   
                   - decadência do Clero;
                  - traição dos cavaleiros (muitas cantigas satíricas fizeram o comentário indignado ou humorístico à traição dos cavaleiros na guerra que opôs os cristãos aos muçulmanos que serviram os reis de Granada. Em 1264 os muçulmanos desde Cádis e Xerez até Múrcia revoltaram - se contra os cristãos. A insurreição era para temer, pois que de África tinham vindo fortes contingentes de tropa em auxílio dos rebeldes. Os cristãos temiam sobretudo os ginetes, cavaleiros oriundos do deserto, cuja mobilização e audácia deixaram de resto um eco na linguagem popular.
  O rei Afonso X, homem de grande cultura, mas de fraco poder combativo, pediu ajuda aos nobres para a contenção da rebelião. Porém, muitos ricos - homens e infanções, em vez de o ajudarem com os seus cavaleiros, faltaram ao seu dever de vassalos. Não admira, pois, que o rei se sentisse traído. Ele próprio e outros trovadores dirigiram violentos sirventeses contra os traidores. Também não admira que os muçulmanos tenham derrotado os cristãos.
                  - decadência da fidalguia ( a fidalguia ao abrigo dos seus forais, que lhes garantiam as liberdades protegidos pelos reis, buscavam abater a Nobreza de sangue, os centros de vida  burguesa prosperavam enquanto as classes privilegiadas, os infanções e até ricos homens, vegetavam, necessitando de acostar - se à munificência régia e até mesmo à generosidade dos municípios. Os infanções são os mais atingidos. O exemplo mais acabado é o do cavaleiro famélico cujas refeições demasiado frugais ou até inexistentes revelam à evidência a grave crise económica por que passavam as classes nobres. Gil Vicente, no séc. XVI, tratará ainda, de forma penetrante, o escudeiro faminto, mas gabarola que só sai de noite a fazer serenatas, para não ser vista a sua roupa rota e velha, mas mesmo assim mantendo criados ao seu serviço, na tentativa de aliciar raparigas com algumas posses para, casando com elas, sobreviver ("Foi um dia Lopo jograr").
          - entrega dos castelos ao conde de Bolonha (estas sátiras referem- se à traição dos alcaides que, apesar da fidelidade jurada ao rei D. Sancho II durante a guerra civil que o opôs ao irmão, futuro D. Afonso III, entregaram os castelos ao Bolonhês.
          - a polémica entre trovadores fidalgos e jograis;
          - ridicularização do amor cortês ("Ai ! Dona fea, foste- vos queixar"-  Joan Garcia de Guilhade);
          - escândalos sociais;
          - desconcerto do mundo ( reflexão crítica, penetrada de amargura, suscitada pela decadência de costumes, o que se traduz numa visão pessimista e desencantada : é o tema do "mundo às avessas", em que a mudança é sempre interpretada para pior:( "Vejo eu as gentes andar revolvendo" - Pero Mafaldo;  "Amigos, cui'eu que Nostro Senhor" - Martim Moia).

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